sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Dona Nenzinha

        Alimentou-se apressadamente,  como se algo lhe determinasse a urgência.Tinha muita fome.Seu corpo, já desalojado de carnes claudicava e se envergava como se carregasse pesado fardo.Apesar de esquálida chegara aos oitenta anos ,mas se sentia exausta e triste por tanta vida miserável que lhe fora concedida.Mas se conformava e dizia ser a vontade de Deus. Para sobreviver, com seus parcos alimentos, dependia da benevolência de São José.A tecnologia ainda não chegara ao seu roçado.Os fantasmas já começavam a lhe visitar contando-lhe histórias de outras vidas mais abastadas menos miúdas , menos insignificantes.No sertão fincara suas raízes, e ali mesmo viria a florescer quando as águas desabassem do céu e umedecesse aquela terra castigada e quase desconhecida no mapa do Estado.Por enquanto se irmanava aos galhos secos e com eles dividia a sua existência sombreada pela desesperança.Era taciturna, nada revelava de  de si e de sua vida inóspita. O seu rosto, extremamente vincado pela labuta incessante de sol a sol,se tornara uma máscara imutável infanciando-se vez por outra nos devaneios.Aprendera a economizar tudo até as poucas palavras que aprendera para se comunicar.Somente era lembrada à época das eleições.Naqueles dias reverberava,
recebia um abraço e um olhar interessado.Valia um voto.

domingo, 16 de setembro de 2012

Julgar é necessário

              Precisamos julgar.A dialética é inerente ao ser humano.Estamos constantemente julgando os fatos e as pessoas que nos rodeiam ou com as que nos relacionamos, e vulgarmente esta apreciação é feita através dos nossos parâmetros educacionais.A busca do nosso bem estar,conforto e felicidade exige julgamento afim de que possamos encontrar e usufruir aquilo que almejamos.Assim é impossível seguirmos a palavra de Cristo: "não julgueis para não serdes julgados"Portanto, não nos culpemos se alguma vez fizemos um julgamento errado sobre um determinado fato ou pessoa, pois, na busca da felicidade estamos suscetíveis a erros.O amor é uma necessidade vital,queremos amar e sermos amados; perfeccionismo chega a ser irritante e entediante ,deixemo-lo para o divino.Para amenizar a nossa agressividade ancestral, o mais prudente creio e´  não violentar a nossa natureza humana e imperfeita, obviamente procurando observar as normas éticas, legais, morais e ecologicamente corretas. 

sábado, 8 de setembro de 2012

Falando de poesia

              Nietzsche em em trecho de seu livro Humano Demasiado Humano, pg 38, em síntese diz que :" o erro acerca da vida é necessário e que isto só é possível porque a empatia com a vida e o sofrimento universal da humanidade é pouco desenvolvida no indivíduo.No conjunto  a humanidade não não tem objetivo nenhum e por isso o homem não pode nela encontrar consolo e apoio,mas sim desespero.Sobre este aspecto impõe-se a necessidade dos poetas porque só estes sabem se consolar".Eu, a meu modo ingênuo e até simplista de apreciar a dimensão do poeta no favorecimento da beleza, peso que este possui um olhar mais aguçado, mais abrangente, até mesmo multidimensional sobre pequenas coisas que passam despercebidas  pelo senso comum,assim como um cisco,uma lagartixa,os desenhos traçados pelo tempo num muro,coisas ínfimas que servem de substrato para poesia de Manoel de Barros.Nesta linha penso ser o poeta  um transformador de olhares,de sentidos,de gostos e aprimoramento da condição humana.Portanto, poetas não se intimidem com as críticas desfavoráveis e continuem a versejar.Afinal a arte foi descoberta para registrar e despertar emoções.Os críticos acadêmicos no afã de justificarem seus ofícios
tentam dissecá-la como se pudessem acessar o que gesta no inconsciente do autor.

domingo, 2 de setembro de 2012

Rua primeiro de julho

Para muitos uma data
para outros uma história
para a maioria nada diz
mas para esta aprendiz
todo encanto se traduz
naquela pequena Pasárgada
onde candidamente aprendi
que o sentimento se aflora
e gera bons exemplos
pelo mundo afora.
Aquele foi terreno fértil
para o amor e amizade
e a única droga que tomávamos
era a da felicidade.